Blog do Eliabe Castor

A indicação de Cartaxo “favorece” Cícero e prejudica Ruy

O provérbio “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”, que muitos apontam ser um ditado árabe, não pode ser aplicado aos deputados federal e estadual Ruy Carneiro (Podemos) e Luciano Cartaxo ( PT) respectivamente; ambos pré-candidatos a prefeito de João Pessoa, tendo como principal adversário o atual chefe do Executivo pessoense,  Cícero Lucena (PP), que busca a reeleição.

O motivo da equação que coloca em solo o provérbio é simples. Ruy e Cartaxo surgem em empate técnico nas pesquisas de intenção de votos já divulgadas em vários veículos da imprensa paraibana. Ambos disputam a segunda e terceira colocação.  Então, no primeiro turno, eles apontarão suas baterias antiaéreas não só para Cícero Lucena – que surge como o melhor colocado nas aferições e, sim, nas aeronaves pilotadas por todos, sobrando estilhaços, também, para o pré-candidato Marcelo Queiroga (PL), estando na qualidade de “incendiários” Celso Batista (Psol) e Yuri Ezequiel (Unidade Popular).

Agora, retornando aos parlamentares pré-candidatos. Têm, eles, a hercúlea missão de buscar vaga para disputar um eventual segundo turno com Lucena. E é aí que a estratégia pautada na lógica do “o inimigo do meu inimigo é meu amigo” entra em colapso total. A “guerra” de contato será violenta, não havendo perspectiva para “suavizar” críticas, o que, taticamente, é salutar para aquele que em dias atuais ocupa o Paço Municipal, pois as granadas a serem deflagradas não serão direcionadas apenas a ele e sua gestão.

Mágoas do passado

Todos sabem que a política é extremamente volátil. Ideias e conceitos de “ontem” frequentemente são postos na prateleira do esquecimento do “hoje”. Mas, em alguns casos, não há como serem revertidas decisões tomadas no passado, pois o amargo sabor de alguém que foi enganado costuma ficar enclausurado no seu paladar por tempo indeterminado.

E foi (é) exatamente tal fato que aconteceu com Ruy Careiro, então deputado federal filiado ao PSDB e candidato nas eleições de 2020 a prefeito da capital paraibana. O ex-tucano foi preterido por Cartaxo quando este estava à frente da prefeitura de João Pessoa.

Na época, Ruy, aliado de primeira hora de Luciano Cartaxo, que figurava nas hostes do PV, decidiu apoiar a postulação da sua cunhada, Edilma Freire para disputar o Executivo pessoense.

Fato é que a escolhida por Cartaxo amargou a quinta colocação, enquanto Ruy Carneiro ficou em terceiro, não indo para o segundo turno por apenas 885 votos, sendo batido pelo radialista Nilvan Ferreira, que estava filiado ao MDB.

E nessa simples observação, é fácil imaginar que, tendo Ruy as bênçãos de Cartaxo no pleito de 2020, muito provavelmente disputaria a prefeitura de João Pessoa com Cícero Lucena de forma  acirrada.

E, com esse amargo sabor no seu paladar, tudo indica que Ruy Carneiro não vê a figura de Cartaxo como sendo “o inimigo do meu inimigo é meu amigo”.

A dor de Ruy em palavras

Na época da escolha de Cartaxo, disse Ruy Carneiro à impressa paraibana: “A prefeitura de João Pessoa não é um presente que você dá para um parente ou para um amigo. É preciso ter respeito com as pessoas e com a cidade. Indicar a cunhada é a velha tentativa de ter um terceiro mandato de prefeito, de tentar ficar controlando a prefeitura de fora, dando ordens de longe, mas isso não dá certo. Isso não deu certo aqui, nem deu certo no Brasil”.

E nesse imbróglio que se desdobra, o experiente Cícero Lucena só observa. Os demais postulantes fazem o mesmo.

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