Blog do Eliabe Castor

Opinião: Ruy segue no “ataque é a melhor defesa” ao desclassificar juiz que o condenou à prisão; estratégia pode ocasionar cartão vermelho

No futebol existe uma frase repetida por muitos de que “o ataque é a melhor defesa”. O sentido de tal expressão é que o time que fica se defendendo atrai o adversário para o ataque, e fatalmente tomará um gol, portanto, atacar, deixa a bola distante da defesa, com menor chance de gol. Claro que nem sempre isso funciona, mas a lógica futebolística é essa.

E seguindo tal premissa, busquei a frase para avaliar a reação do deputado federal e pré-candidato a prefeito de João Pessoa, Ruy Carneiro (Podemos). O parlamentar foi entrevistado pela Rádio CBN na última quarta-feira (10) e, pondo em campo a orientação do seu técnico…Ops! Dos seus advogados, atacou o juiz Adilson Fabrício, que o condenou a 20 aos de prisão e devolução de R$ 750 mil aos cofres públicos por fraude, peculato e lavagem de dinheiro.

Importante lembrar, aqui, que Ruy recorreu da decisão. Agora, retornando ao jogo; o lado “atacante” do deputado fica nítido, ao proferir o seguinte raciocínio durante  a entrevista à CBN: “A minha atuação aqui (João Pessoa) é conhecida. Não é um juiz de primeira instância, com interesses outros, que vai manchar minha história. O tempo vai mostrar. Meu discurso será o mesmo”, declarou, pondo uma ponta implícita que a decisão do magistrado está alinhada ao processo eleitoral.

Aliás, não é de hoje que o parlamentar vem utilizando de tal expediente narrativo. Seus argumentos, em pronunciamentos anteriores aos órgãos de imprensa, sempre foram centrados na linha de ataque à decisão judicial.

E o deputado, com fôlego de atleta, impõe seu jogo colocando o “fator” perseguição política, e informa,  em sua ótica,  que tal senteça é holofote para quem quer se promover em ano eleitoral. E é legítimo que ele se defenda e, ao mesmo tempo, ataque, contudo, ao tentar desqualificar uma decisão da Justiça de forma explícita e pública, ao entrar em campo com as travas da chuteira à amostra em uma “dividida” sem parâmetros, um novo cartão vermelho pode surgir no seu gramado.

Por fim, o parlamentar sempre buscou afirmar que é ficha lima, o que é verdade. Caberá a ele e seus advogados provarem a sua inocência naquele que ficou conhecido como “Caso Desk”. E, como falei no início deste texto, o ataque é a melhor defesa, mas nem sempre funciona.

Entenda o caso que faz Ruy optar pelo ataque

Segundo a denúncia feita pelo Grupo Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público da Paraíba, Ruy e as outras pessoas condenadas foram acusadas de integrarem uma quadrilha especializada em fraudar licitações para desviar e lavar dinheiro público, no processo que ficou conhecido como Caso Desk. A Justiça acatou a denúncia em 2018.

O Gaeco detectou irregularidades acerca de contratos firmados em janeiro de 2009, entre a Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer (Sejel), e a empresa Desk Móveis Escolares e Produtos Plásticos Ltda.

Conforme a sentença, foi feita uma dispensa de licitação para a compra de cinco mil assentos desportivos com encosto e 42 mil assentos desportivos sem encosto para serem instalados no Estádio José Américo de Almeida, o Almeidão, em João Pessoa, e no Ginásio Poliesportivo Ronaldão, também em João Pessoa.

De acordo com o juiz, a investigação comprovou que houve fraude licitatória, superfaturamento de produtos, desvio de recursos públicos. prejuízo estimado é de R$ 1,5 milhão.

Assim que saiu a sentença, em fevereiro deste ano, Ruy criticou o juiz, sugerindo que a condenação, em pleno ano eleitoral, teria motivação política.

“Pra me intimidar, foram requentar uma denúncia velha, vencida, de quinze anos atrás. Uma decisão agora de um único juiz e que nós já recorremos ao Tribunal de Justiça, de novo. O mesmo tribunal que já havia anulado uma decisão anterior sobre o assunto”, disparou.

Por Eliabe Castor, com informações do Blog do Anderson Soares.

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