Eu cheguei ontem à noite em casa, e fui recebido de forma efusiva por Pepe, meu fiel escudeiro. Já idoso, com sua longevidade indo em direção aos 13 janeiros, com cauda abanando e orelha em alerta, disse ele estar feliz com a inauguração do Hospital Veterinário de João Pessoa, sonho há muito esperando pelos tutores e seus pets.
Experiente, falou Pepe a mim. Aliás, latiu. Explicou que, embora em puro regozijo, não entendia certos comportamentos humanos que ele mesmo explicou como sendo “egoístas” e plenamente sem nexo. Curioso, continuei o diálogo com meu querido cão, e ele observou um comportamento no mínimo esdrúxulo advindo dos que fazem oposição ao prefeito da capital paraibana, Cícero Lucena (Progressitas).
Não todos, advertiu meu amigo de quatro patas. Mas alguns que buscam foco midiático por interesse puramente eleitoreiro, e citou o nome de alguns pré-candidatos a vereador que buscam a reeleição e dois que almejam ocupar a cadeira de prefeito no Paço Municipal de João Pessoa.
E seguiu Pepe, com seu juízo intacto de um outrora jovem, que envelheceu com sabedoria, seguindo a preciosa dica de Nelson Rodrigues; pondo uma indagação inquietante na minha “téte”: “Qual o motivo real de toda essa algazarra de alguns oposicionistas que bradam e gritam a plenos pulmões, utilizando nossa ‘categoria’ de pets para fazer comício demagógico eleitoral?”.
E naquele momento confesso que me senti perplexo com a sapiência graduada daquele Canis familiaris. E seguiu ele na sua lógica, jogando uma expressão lusitana no início da frase: “Ora pois pois, nunca tivemos um hospital edificado para nós. Ele já está em funcionamento, atendendo, inclusive, meus parentes de forma gratuita, faltando, apenas, a conclusão de certos detalhes da obra. Coisa rápida que em 15 ou 20 dias já estará terminado. Então o problema reside em que local da estratosfera terrestre?”.
Mais uma vez Pepe entortou meu cérebro de Homo sapiens, indo em direção à sua cumbuca de ração, sem, antes, não cutucar os humanos. “Vocês são engraçados. Gostam da tática da guerra de terra arrasada, no qual quanto pior, melhor para o próprio benefício. Ego perigoso. Já falei: esse prefeito foi o único a instalar um equipamento tão necessário para nós, não foi? Então, qual o motivo de um embate inócuo que não deveria existir? Isso é coisa do bicho-homem!”, e me deixou em silencia sepulcral indo, sem cerimônia, ao encontro da sua comilança.
E não é que Pepe tem razão!
Eliabe Castor