Eu vaguei nas alamedas de João Pessoa após o resultado das urnas colocarem o prefeito Cícero Lucena (PP), que busca a reeleição, no segundo turno, cuja peleja pelo Paço Municipal se dará com o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga (PL).
E nessa andança observei um fato inconteste: Lucena continua, em chances absolutas, sendo o favorito nesta nova etapa do pleito pessoense. E a afirmação vem respaldada pela lógica matemática. Não é necessário ser um gênio na seara aritmética para decifrar números e percentuais que favoreçam o gestor da capital paraibana.
O prefeito obteve 205.122 votos, o que representa 49,16% da totalidade válida. Já Queiroga abocanhou 21,77% dos sufrágios contabilizados. Ou seja: 90.840 foi sua votação. Em resumo, ainda no universo dos números reais, a diferença que separa o gestor pessoense e seu oponente é abissal.
Mesmo estando no cume do Everest, a possibilidade do ex-ministro transpor tal diferença é quase impossível ou mágica. Uma quimera pouco palpável.
É claro: Queiroga irá buscar forças nos eleitores dos candidatos que ficaram no caminho, em especial os que votaram nos deputados federal e estadual Ruy Carneiro (PODE) e Luciano Cartaxo (PT), respectivamente.
Calculando os votos válidos de ambos, chega-se à soma de 118,822. Assim sendo, Marcelo Queiroga, que é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, teria que trazer para sua contagem ao menos 115 mil votos e algumas migalhas para ultrapassar Lucena, cuja tarefa pode ser classificada como hercúlea, diria eu quase impossível de ser alcançada.
E nessa linha de raciocínio que adotei, é certo que boa parte dos petistas que optaram por Luciano Cartaxo não estenderá as mãos para um candidato bolsonarista. Essa é a lógica sobre a lógica. Ainda mais em um país totalmente polarizado, cuja direta e esquerda travam uma batalha fratricida, quase apocalíptica, sem data para cessar.
Agora o leitor pode indagar: e os que votaram em Ruy Carneiro, podem apoiar Queiroga? A resposta é sim! Mas não em sua totalidade. Muitos irão buscar a caverna e ficar lá, nulos e invisíveis, observando o resultado do embate.
Outros optarão por Cícero Lucena – falo daqueles eleitores de centro-esquerda – cujo viés político se assemelha ao adotado pelo gestor pessoense. Por fim, não vejo grandes chances de Marcelo Queiroga sair vencedor no pleito que se avizinha.
Contudo, Lucena e sua base aliada devem observar com cuidado o perigo do tapete vermelho da soberba. É preciso evitá-lo. Humildade é sopa nutritiva para uma vitória relativamente tranquila.
Por Eliabe Castor